O que passou na mente de Paulo para ele dizer isso? o que o motivava? Prisões? Açoites? Naufrágios? Fome? Frio? Perseguição? Apedrejamento? Se deixado como morto depois de ser arrastado para fora da cidade?
Será que se aparecesse alguém para Paulo dizendo: Paulo, deixe de pregar o evangelho que eu te mostro como você irá conseguir seus primeiros milhões… e depois de 5 anos, seus bilhões. Mas, a condição para isso é, deixe de anunciar esse evangelho.
Será que Paulo deixaria de pregar? Aposto que não.
Pela pujança, pela entrega de Paulo descrita no texto bíblico, acredito que nem de longe isso passaria por sua mente.
Mas, o que leva um homem a abdicar de sua própria vida e se dedicar a anunciar o evangelho?
Isso de forma simples, porque Paulo anunciava um ensino de um homem comum que nasceu em uma pequena cidade, cresceu em uma pequena cidade, era carpinteiro, depois morreu entre bandidos.
Depois houve a notícia que esse homem ressuscitou, alguns viram outros não, mas agora teve-se a notícia que ele foi assunto ao céu e, agora, não está mais aqui para provar que de fato ele ressuscitou, apesar de que ninguém achou o corpo. Será que seus discípulos esconderam tão bem que ninguém até o dia de hoje conseguiu encontrar?
E se esse Jesus sofresse de uma megalomania de divindade? Não seria o primeiro da história e nem o último.
Era o ensino desse homem que Paulo chamava de boa nova, evangelion, boa notícia, evangelho.
O QUE MOTIVA ESSE HOMEM A PONTO DE DIZER: AI DE MIM SE NÃO PREGAR O EVANGELHO?
Bom, para ser rápido e simples, posso sugerir, para a nossa reflexão, dois pontos sobre o que motivava Paulo.
PRIMEIRO: Paulo tinha plantado dentro de si, um poder, um dinamis, que vinha da Ressurreição. O fato de Jesus ter vencido a morte, despertou em Paulo um poder indescritível… o que eu chamo de fator ressurreição.
Quem carrega isso no peito, carrega a força de uma bomba atômica de amor e misericórdia de Deus. Tentar segurar isso, tentar segurar essa força nuclear dentro de si, é impossível. Quem tem dentro de si essa bomba atômica sabe que é impossível.
Assim, sua força vinha da ressurreição, pois, Ele mesmo dizia que:
E, se Jesus não ressuscitou vã é a nossa pregação e vã a nossa fé…
I aos Coríntios 15:14.
Ainda ele diz:
…onde está, oh morte, a sua vitória?
I aos Coríntios 15:55
Só fala isso quem sabe e tem convicção que a morte morreu na Cruz, e que crê de todo o coração no que Jesus disse:
Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas já passou da morte para a vida.
João 5:24
Não se diz: vai passar, mas, JÁ PASSOU!
Quem crê nisso e nas suas consequências, tem a alegria de anunciar o evangelho.
SEGUNDO: Paulo sabia que possuía dentro de si um tesouro do conhecimento do filho de Deus e por ser preenchido com esse tesouro, sua alegria era compartilhar esse tesouro. Seus milhões, sua remuneração era anunciar aos quatros ventos o motivo de sua alegria e pujança.
PORÉM, e aqui de fato é o segundo ponto: Paulo também sabia, o princípio estabelecido pelo próprio Jesus, que diz:
…A QUEM MUITO É DADO, MUITO SERÁ COBRADO;
Lucas 12:48.
Paulo sabia que apesar do poder extraordinário que estava explodindo em seu peito, a alegria ultra circunstancial que o habitava, trazia consigo não apenas o bônus, mas também responsabilidades, inclusive de anunciar o evangelho.
Sendo assim, Paulo com temor, tinha a convicção interna que ele não poderia guardar tudo aquilo que tinha em sua posse.
Paulo sabia que não poderia ficar sentado em cima do dom de Deus. Paulo sabia que era preciso tirar tudo aquilo de dentro de si, e anunciar com toda a força o que ele tinha recebido de graça.
Pois, conforme ele mesmo diz no mesmo versículo 16 do cap. 9 da sua primeira carta aos coríntios:
Se anuncio o evangelho não tenho do que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação.
I aos Coríntios 9:16.
Depois, no versículo posterior, ele continua dizendo:
Se faço de livre vontade, tenho galardão; mas, se constrangido, é, então, a responsabilidade de despenseiro que me está confiada.
I aos Coríntios 9:17.
Aqui ele traz a figura do despenseiro, o grande responsável pelos mantimentos de uma casa. Paulo está dizendo que Deus o fez um dos responsáveis pela dispensa celestial, e, de novo, não é só bônus, isso traz consigo uma responsabilidade enorme, pesada e grave.
Portanto, seja da alegria que Paulo carregava que adivinha da ressurreição ou seja do peso da responsabilidade que lhe foi imposta, Paulo sabia que tinha o dever de anunciar o evangelho.
Alegria e dever. O privilégio e a responsabilidade.
Ao contrário de uma grande parte dos pregadores de hoje, Paulo não pregava pela fama, dinheiro ou poder humano.
Paulo anunciava o evangelho com tanta força e dedicação por sua alegria de poder experimentar, ainda nesta vida, um pedaço da eternidade que o habitava.
E mais, Paulo sabia da grande responsabilidade que estava em seus ombros. Não era só privilégio, por isso ele mesmo dizia que não tinha do que se gloriar.
Pregava pois sabia que tinha esse constrangimento eterno sobre ele, tinha essa obrigação do qual ele fazia com tanta dedicação.
Peço a Deus, que nos dê a consciência que teve o apóstolo Paulo.
Chega dos Balaões que profetizam por dinheiro. Chega dos mágicos da fé que são mais amigos dos deleites do que amigos de Deus.
Chega dos adivinhadores de CPFs e pedintes de Pix nas lives da vida.
Chega de tanta mentira e engano em nome de “deus”.
Chega!
Quanto a você e a mim, nos é imposta essa obrigação, e, ai de nós se não pregarmos o evangelho.
Por Elielson Araújo.